sábado, 19 de dezembro de 2009

te amo, porra!

Queria te contar um sonho. um pesadelo. Ontem comi salada de berinjela com vinagre, devia ser meia noite. Acendi um cigarro, sentei–me num banquinho da área e fiquei olhando fixo para as grades da rua... escura e parada, sem pensar absolutamente em nada. Fiquei assim durante uns trinta segundos. Dei algumas tragadas e cocei o saco maquinalmente, atirei a guimba, balancei a cabeça e fui pro quarto. Peguei um livro e comecei a ler. Depois de alguns capítulos fiquei abismado por me sentir tão parecido com Henry Chinaski. Eu arriscava a minha personalidade com essa merda. E percebi como meu trabalho estava me imbecilizando. Notei o quanto tenho me tornado coisa. O quanto tenho adiado tudo. E que cada nervo do meu corpo estava ficando condicionado a agir só em função de coisas como dinheiro, chaves, papéis e outras porcarias. Mas deixemos isso de lado, eu queria era contar o sonho que tive. parece coisa de bicha, mas vamos lá então:

Fui ficando sonolento e não me lembro quando deixei que caísse de minhas mãos o Misto Quente. Deve Ter sido quase um desmaio, uma espécie de morte. Foi quando beijava aquela boca loucamente como nos velhos tempos. E sentia que ela era minha. Sentia-me forte e confiante. Sentia que era o dono da situação, e, portanto, não estava nem ai. De repente ela sorriu aquele riso inconfundível e me pegou pelas mãos. Foi me arrastando para um lugar cheio de gente que eu nem fazia idéia quem era. Aquela voz me dizia coisas sem parar num ritmo frenético e eu não entendia uma só palavra. Fui achando tudo muito estranho. Só piorou quando durante um átimo de tempo ela sumiu, andei procurando-a em meio aquela gente toda e logo a encontrei cercada por seguranças, homens negros sorridentes de dois metros de altura que me olhavam com escárnio e deviam me achar um bosta, o que fez me fez sentir-me isso mesmo. O que eu ia fazer? Naquele instante pensei que se tivesse um revólver mataria todo mundo naquela bosta, mas na verdade me sentia tão fraco que se tivesse mesmo uma arma provavelmente não conseguiria nem segurá-la e antes que eu me desse conta ela apareceu em minha frente com um bebê no colo. Não dava pra saber se era seu filho, pois era uma criança muito pequena. Ela parecia preocupada e melancólica. Eu não tive reação mas me senti esquisito. Ela me olhava como quem dizia – a vida é assim mesmo fazer o que, cara?!... foi quando apareceram dois coroas , um casal, que parecia ser conhecido seu. Eles não falaram nada que eu me lembre, mas parece que queriam que fossemos para a casa deles. Então eu a segui novamente, você me puxando por uma das mãos. Eu ia sem saber pra onde, mas um pouco aliviado por sairmos dali. Havia um grande tumulto e quando passamos por uma janela suspensa lá estava debruçada Samantha Abreu, que não era mais escritora e sim nadadora que havia acabado de conquistar uma medalha de ouro nos jogos inter-regionais e todos a parabenizavam. Eu queria parar para falar com samantha, mas ela estava com pressa e me puxava... de repente eu hesitei e ela sumiu mais uma vez na multidão. Samantha acenou para mim e fechou a janela para escapar daquela gente toda querendo se aproximar. Eu fiquei totalmente perdido. Não conhecia aquelas ruas. Todas estreitas demais e mal iluminadas. Fortes subidas por onde eu me arrastava sem forças para me mover. Sentia vontade de chorar, mas nem isso conseguia. Que merda, eu havia me tornado um sentimentalista Estava paralisado. Sentia medo. Sentia-me como uma criancinha de sete anos que se perdeu dos pais nas ruas da cracolândia. Uns caras mal encarados vieram me pedir uns cigarros para fazer cinza e eu dei. Eles se mandaram me avisando que a polícia iria pintar por ali. Que merda de amor, eu pensava. Eu só queria acordar. Estava quente, eu rolava na cama. O ventilador estava quebrado. Eu sabia que era sonho...
O despertador tocou as quinze pras oito como de costume; e pensei novamente... que merda...
Caguei, limpei o cu porcamente e dei a descarga. Bebi um copo de água provavelmente contaminada com coliformes fecais, vesti a máscara, acendi outro cigarro e fui pela rua do correio fumando e pensando; EU TE AMO, PORRA!

2 comentários:

  1. um revolver na sua mão seria menos letal do q essa maldita caneta! rs

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  2. eu lembro exatamente do dia em que vc escreveu esse texto...
    veja só que coisa!

    ps: a Samantha Abreu continua nos mesmos lugares e e-mails e tudo o mais.
    saudades.

    beijO

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